terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Sobre a vida.

dizem por aí,
e eu já li
em alguma poesia
ouvi em alguma melodia
aplaudi em alguma confraria
que a vida
simplesmente
não espera.

dizem por aí,
que a vida
tecelã dos horizontes
arquiteta das manhãs
senhora dos caminhos
há de esperar alguns instantes, só.

dizem por aí,
que vida espia,
enquanto a água bebe o homem
enquanto o ar respira  a mulher
enquanto o pão devora a fome
espia o quanto quiser.

dizem por aí,
que a vida espera a fruta cair
a onda quebrar, o sol raiar
o cego enxergar, o coração pedir
a poesia caber, o sonho inventar
vida te coloca no meu lugar.

espalhe por aí
escreva alguma poesia
faça alguma melodia
conclua alguma confraria
que a vida espera
a vida nos espera
E é só o que dizem por aí.

Patrícia Rocha e Eduardo Soares

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sobre ser poesia.

Sou poesia
De carne e osso
Sou poesia
Do sonho
Da saudade
Da lágrima.

Sou essa frase desencontrada
Essa vírgula que não cabe
Ponto final que não tem fim
Reticências do acaso.

Rima feita
Desfeita
Que enfeita.

Sou toda prosa
Sou gota que transborda
Sou a última
Sou a primeira
De muitas.

Vez ou outra
Pertenço
E às vezes entro no vazio
É que viver
São frases
Virando texto.

E eu, sou só poesia.

Patrícia Rocha

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018


Poesia do meu livro Poesias Inacabadas em Mim.
Querendo adquirir um exemplar entre em contato pelo e-mail: patricia.cassimiro@gmail.com


Imagem: D.A


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Sobre ser.

Queria ser vento
Que faz passarinho bailar
Que faz barco navegar.

Queria ser chuva
Que refresca a vida
Que faz a planta crescer.

Queria ser caminho
Que faz a direção
Que faz chão
Que faz terra.

Queria ser pedra
Que faz a construção
Que faz ficar forte.

Mas não sou
Sou essa mulher
Que faz o pão
Que faz o filho
Que foi mãe
Que foi filha
Que faz bem querer
Que traz bem dizeres.

Patrícia Rocha

domingo, 21 de janeiro de 2018

Depois de você.

Depois de você
Meus lábios secaram
Meu abraço endureceu
Meu sorriso se esqueceu.

Depois de você
Meu corpo perdeu as curvas
Minhas mãos não agarram mais
Minha vida diluída.

Depois de você
Meu olhar
Meu suor
Meu eu
Tão ímpar
Deixou de ser par.

Patrícia Rocha

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Ser mar.

Eu pulo
Escapo
Pedra por pedra
no asfalto
Ou sobre o mar.

Afogada
Alagada
Voltei.

Em passos
Nas pontas
Dos dedos
Meus pés
Cansados
Navegaram.

Tem um mar em mim
Que um dia foi cachoeira
Foi rio
Foi amar.

Patrícia Rocha